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Estado de Minas

Carro 'flex' faz 10 anos, mas consumidor não tem muito o que comemorar

Desde 2003, a tecnologia vem evoluindo, mas pouco mudou em relação à vantagem do sistema para o consumidor


postado em 21/03/2013 22:22 / atualizado em 21/03/2013 23:06

Gol 1.6 Total Flex foi o primeiro veículo bicombustível do mercado(foto: Eduardo Rocha/RR)
Gol 1.6 Total Flex foi o primeiro veículo bicombustível do mercado (foto: Eduardo Rocha/RR)
Neste sábado (23) fazem exatos 10 anos que o primeiro carro bicombustível foi lançado no mercado brasileiro. A tecnologia, inédita no mundo, é um marco para a indústria, que de lá para cá não parou de lançar carros com esse sistema, cada vez mais aprimorado.

Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), desde o lançamento do Volkswagen Gol 1.6 Total Flex, o primeiro bicombustível do mercado, foram fabricados cerca de 20 milhões de carros flex. Excluindo os veículos movidos a diesel, os flex representam 92% do mercado atualmente.

Pouco antes da Volks lançar a tecnologia, a Ford já havia testado o sistema no Fiesta, mas demorou a lançá-lo no mercado. O motor flex é, na verdade, um propulsor a gasolina adaptado para funcionar com etanol.
Ford foi a primeira a testar o carro Flex, mas demorou a lançá-lo(foto: Ford/Divulgação)
Ford foi a primeira a testar o carro Flex, mas demorou a lançá-lo (foto: Ford/Divulgação)
Com o auxílio da eletrônica no gerenciamento, os engenheiros conseguiram retrabalhar a taxa de compressão, deixando-a mais alta inclusive para a gasolina. Na primeira fase do flex, de 2003 a 2006, o motor tinha desempenho limitado quando abastecido só com gasolina, pois o interesse maior era com o etanol. Com o combustível derivado da cana-de-açúcar, o motor ganha alguns cavalos de potência. Mas com a evolução da capacidade de processamento da central eletrônica, foi possível aproveitar o máximo de desempenho dos motores, tanto com etanol quanto com gasolina.

Apesar da inovação, será que o carro flex é benéfico ao consumidor?
O questionamento sobre a economia é feita por todo motorista. Em 2003, abastecer com etanol era vantajoso em quase todo o Brasil. Com o aumento no consumo do combustível, o preço disparou, chegando próximo ao da gasolina e como o carro é mais econômico com o combustível fóssil, o uso do álcool passou a não ser tão interessante como deveria. Isso colocou a vantagem do carro flex em jogo.

A publicitária Camila Tibo não vê vantagens no motor bicombustível. “Nesse carro eu abasteci com etanol apenas uma vez, pra mim é como se ele só pudesse ser abastecido com gasolina, dura bem mais no tanque”, disse a moça enquanto o tanque de seu Honda Fit 1.5 2012 era completado com gasolina. O jornalista Rafael Arruda, comprou um Gol G5 há um mês e até hoje só usou o combustível derivado do petróleo. “Sempre ouvi dizer que o etanol não rende e pelo preço não vale a pena, meu pai tem um Fox há três anos, sempre foi abastecido com gasolina”, diz.
Com preço próximo ao da gasolina, etanol fica em desvantagem para o consumidor(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A PRESS)
Com preço próximo ao da gasolina, etanol fica em desvantagem para o consumidor (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A PRESS)


A questão mais complicada para os engenheiros das montadoras passou a ser o consumo. Muitos proprietários de carros flex começaram a perceber que seus veículos bebiam mais do que os anteriores, equipados com motor a gasolina ou etanol. Questionados sobre o assunto na época, os fabricantes da tecnologia flex se defenderam dizendo que antes de 2003 misturava-se menos etanol à gasolina e que além disso os carros tinham uma quantidade menor de equipamentos, como direção hidráulica, ar-condicionado e vidros elétricos. Fatores externos, como o trânsito pesado nas grandes cidades, também foram usados para justificar o aumento do consumo nos carros flex.


Mas apesar das reclamações de muitos proprietários de carros flex em relação ao alto consumo de combustível, as montadoras continuam afirmando que os modelos atuais são mais econômicos do que os antigos. Para tirar a dúvida, resolvemos pesquisar os dados de consumo divulgados pelos fabricantes pouco antes do lançamento do flex. Tomamos como referência modelos a gasolina. Esses números foram comparados aos informados atualmente na etiqueta de consumo do Inmetro, presente em alguns modelos. Os valores são medidos em condições padrão de laboratório (NBR-7024), simulando uso comum de carros. E não foi surpresa constatar que os modelos mais antigos, equipados com motor a gasolina, apresentavam consumo mais baixo do que os similares com flex. Confira a tabela abaixo. 

Evolução

A Volkswagen também foi pioneira no lançamento da tecnologia que dispensa o tanquinho de gasolina para partida à frio. O sistema foi lançado no Polo E-Flex, em 2009. Hoje, alguns modelos já contam com essa tecnologia, como o novo Citroën C3 1.6 e o Peugeot 308 1.6. O grupo PSA adotou o nome do sistema de Flex Start.

 Com Enio Greco

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