A primeira providência foi reduzir drasticamente o peso, em função da robustez exigida para suportar os maus-tratos de longas jornadas, sua verdadeira praia. Cavaletes, peças reforçadas, garupeira, pedaleiras de garupa, grande escapamento original, e tudo o mais considerado supérfluo e desnecessário, foram cortados, serrados e eliminados, resultando em uma economia de nada menos que 26kg, minimizando a obesidade para 235kg na balança. Na outra ponta, o desafio foi aumentar a potência do motor de dois cilindros em linha, que tem como foco a durabilidade e resistência e não a performance puro-sangue das superesportivas, com quem dividiria a pista.
METAMORFOSE O fôlego extra do motor veio com a instalação de equipamentos permitidos pelo regulamento, como o Rapid Bike, que atua na injeção de combustível, melhorando a qualidade da mistura, além de elevar em 1.000rpm os giros do motor antes do corte. Isso permitiu uma maior elasticidade e melhor aproveitamento do câmbio, economizando nas trocas, com pedal reposicionado para cima. Também foi instalado filtro de ar especial, possibilitando maior “respiração” do motor e o sistema de trocas rápidas de marcha, quick shifter, para cambiar sem desacelerar e sem usar a embreagem nas marchas para cima, economizando precioso tempo.
O escapamento original foi substituído por outro esportivo e também mais leve. As mudanças aumentaram a potência em 13cv, passando para 123cv. A combinação de menor peso e maior potência, ainda bastante modesta se comparada com as rivais superesportivas da categoria Superbike, com cerca de 200cv e 160kg de peso, reservava algumas armas secretas. A primeira era o consumo de combustível, bem menor, e um tanque com 23 litros. Equação para apenas uma parada nos boxes para reabastecimento, equivalente a duas das superesportivas, descontando a grande desvantagem de menor velocidade na pista.
TRUQUE Outra carta na manga era o controle de tração e freios ABS originais, além da torcida para chover, como na edição do ano passado. Com pista molhada, os sistemas proporcionariam enorme vantagem e o tanque de guerra seria ameaça aos verdadeiros “caças” terrestres. Outra vantagem do conjunto seria o consumo de pneus, projetado para apenas uma troca. Porém, o convênio com São Pedro falhou e o sol brilhou forte nas quase seis horas de prova e 186 voltas, aumentando também o desgaste dos pneus e a necessidade de mais trocas, virando desvantagem, já que o modelo tem eixo cardã, muito mais complicado e demorado na hora das trocas.
Para ganhar agilidade, a roda original ganhou aro de 17 polegadas em vez da de 19 polegadas, mas compatível com uso diário, e a suspensão dianteira foi trocada. Ambas da R1. As pastilhas de freio foram substituídas por outras mais eficientes, assim como as mangueiras dos freios, pelas mais resistentes do tipo aeroquip. Curiosamente, o guidão adotado foi do tipo fora de estrada, com tamanho e curvatura especiais. Já o belo visual ganhou decoração que lembra os modelos de competição dos anos 1970. O resultado foi o 7º lugar geral e a constatação de que a ideia não era tão exótica assim, pois teve a companhia da Ducati Multistrada, com a mesma proposta e o 5º lugar geral.