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Estado de Minas

Papo de roda: O Airbus e a Lady Di


postado em 08/09/2013 09:51 / atualizado em 09/09/2013 12:59

Entro no táxi, sento no banco dianteiro, ele arranca enquanto eu procuro um papel com anotações que pus em algum bolso do paletó ou da calça, não me lembrava qual. O motorista, com toda gentileza, sugeriu que, se eu não pretendia afivelar o cinto de segurança, que me mudasse para o banco traseiro. Pedi desculpa, expliquei que só não o tinha feito porque precisava de mobilidade no meu contorcionismo em busca do papel. Afivelei e perguntei: “Por que a sugestão do banco traseiro ?” e ele explicou que, como a lei só exige cinto nos dianteiros, ele não seria multado se eu estivesse – sem o cinto – na traseira. Não concordou quando eu teimei que a legislação exige o equipamento protegendo todos os passageiros. E arrematou com um argumento definitivo (pelo menos na cabeça dele...): “Até porque, doutor, quem vai atrás já fica protegido pelos encostos dos bancos dianteiros”.


Se nem o taxista, profissional da área, se preocupa com as regras básicas de segurança e de legislação, não é de assustar que demais motoristas também as ignorem. E são raros os passageiros que usam cintos na traseira, pois imaginam que, num impacto frontal, teriam mesmo a proteção dos bancos dianteiros. Uma tolice, pois são arremessados para frente com peso de toneladas. Ninguém se lembra que o famoso escritor e noveleiro Dias Gomes morreu arremessado para fora de um táxi, no Centro de São Paulo, pois estava sem o cinto. E a Lady Di, que morreu no banco traseiro da Mercedes, enquanto seu segurança, no dianteiro, sobreviveu por estar com o cinto?


No avião da TAM que passou na semana passada por uma inesperada turbulência vindo de Madri, nada aconteceu com os passageiros afivelados. Mas o avião fez pouso de emergência em Fortaleza, pois vários se feriram e foram hospitalizados. Teve um que bateu no alto com tanta força que chegou a quebrar o teto do Airbus. Todos acreditam que as instruções das comissárias no início da viagem são um discurso formal, chato e que não levam a nada. E que acidente só acontece com os outros...
Embora cintos sejam obrigatórios em todos os veículos, inclusive ônibus, eles são utilizados apenas por motorista e passageiro no banco dianteiro dos automóveis. Em vans e ônibus interestaduais, quem se protege com eles é visto como um louco. Ou pessimista, na melhor das hipóteses.


O cinto de segurança é o equipamento mais eficiente na proteção dos ocupantes do veículo. Tanto que, sem ele, de nada adiantam os airbags, chamados de SRS, sigla em inglês que significa “Sistema Suplementar de Restrição”. Ou seja, o airbag é um importantíssimo coadjuvante, mas o papel principal cabe ao cinto de segurança.


Os passageiros do Airbus da TAM que não afivelaram o cinto devem estar revendo sua opinião de que acidente só acontece com os outros...

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