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Estado de Minas

Aperfeiçoamento da indústria leva a extremos de comodidade com itens que chegam a ser supérfluos

Comodidade ou preguiça: A indústria automotiva investe pesado em novas tecnologias para deixar os carros cada vez mais funcionais e confortáveis. Mas será que todas essas mordomias são necessárias?


postado em 26/08/2015 15:17 / atualizado em 26/08/2015 19:00

Teto solar tem rara utilidade prática, mas é um dos itens mais solicitados em alguns segmentos (foto: Estúdio Malagrine/Peugeot/Divulgação)
Teto solar tem rara utilidade prática, mas é um dos itens mais solicitados em alguns segmentos (foto: Estúdio Malagrine/Peugeot/Divulgação)

Você já parou para pensar como a vida mudou nos últimos anos? A tecnologia invadiu nosso dia a dia e velhos hábitos foram abandonados. O celular praticamente decretou o fim do telefone fixo e permitiu que o cidadão seja encontrado em qualquer lugar. As cartas foram substituídas pelo e-mail e as redes sociais e o WhatsApp encurtaram distâncias e aproximaram as pessoas.

Chave canivete agrupa comandos, mas é pesada(foto: Hyundai/Divulgação)
Chave canivete agrupa comandos, mas é pesada (foto: Hyundai/Divulgação)
 

No setor automotivo, não foi diferente. Os carros ganharam sistemas eletroeletrônicos que vieram para eliminar o esforço físico ou para proporcionar mais segurança e comodidade. Mas será que tais avanços tecnológicos são imprescindíveis ou podemos viver sem eles? Vale mesmo a pena pagar mais pelas mordomias?

Volante com muitas funções confunde(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 19/12/12)
Volante com muitas funções confunde (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 19/12/12)

É só voltar o filme e se lembrar dos carros produzidos no Brasil em passado recente. As manivelas usadas para subir e descer os vidros das portas foram substituídas por motores elétricos, eliminando o que para muitos era um dos poucos esforços físicos do dia. E essa mordomia acabou chegando às travas das portas e aos retrovisores externos, que também passaram a ser ajustados por comandos elétricos. Essas ações eram executadas manualmente sem qualquer dificuldade ou grande esforço físico, mas atualmente são poucos os que admitem comprar um carro sem o famoso “trio elétrico”.
Sensor de chuva aciona limpadores(foto: Honda/Divulgação)
Sensor de chuva aciona limpadores (foto: Honda/Divulgação)

SEM ESFORÇO E não parou por aí. Nos carros mais sofisticados, os comandos elétricos chegaram aos ajustes de altura e distância do volante e do freio de estacionamento. Com isso, para alguns, o simples ato de puxar a alavanca do freio foi reduzido a apenas um movimento de dedo. E ainda tem comando para abrir as tampas do porta-malas e do tanque de combustível. Tudo para que o motorista nem precise sair do seu assento. É a lei do mínimo esforço.

Regulagens múltiplas de banco dianteiro(foto: Euler Júnior/EM/D.A Press - 14/5/15)
Regulagens múltiplas de banco dianteiro (foto: Euler Júnior/EM/D.A Press - 14/5/15)

E os caras das montadoras deixaram a imaginação ir longe e fizeram mais para atender a turma da preguiça, os rodas-duras e os aficionados por supérfluos. Os bancos também ganharam ajustes elétricos, aquecimento e massageador. É mordomia demais para quem já dirigiu Fusca, Brasília, Chevette e Fiat 147. São comodidades interessantes, que podem ter muito valor para alguns, mas certamente conseguimos viver sem elas.

Multimídia vira acessório
Multimídia vira acessório "essencial" (foto: VW/Divulgação)

Há outras que são polêmicas, como os comandos de áudio, computador de bordo, Bluetooth e controlador de velocidade no volante. Tem gente que acha interessante pelo fato de não permitir que o motorista desvie a atenção do trânsito para trocar a estação do rádio ou aumentar o volume, por exemplo. Mas outros acreditam que acabe gerando mais informações na frente do motorista, provocando poluição visual que pode induzir à desatenção. É difícil agradar a todos.
Comandos de vidro, trava e retrovisor(foto: Euler Júnior/EM/D.A Press - 14/5/15)
Comandos de vidro, trava e retrovisor (foto: Euler Júnior/EM/D.A Press - 14/5/15)

DESLIGADOS Para os desatentos, a indústria automotiva criou os sensores de chuva, que liga o limpador de para-brisa ao primeiro pingo de chuva, e o crepuscular, que aciona os faróis quando a luminosidade é reduzida. Duas ações muito fáceis de executar sem a ajuda da eletrônica, mas... Tem sensor também para os que têm dificuldade de estacionar. Nos casos mais graves, existem sistemas que estacionam o carro sem a interferência do motorista.

Estepe pendurado atrás é bobagem(foto: Ford/Divulgação)
Estepe pendurado atrás é bobagem (foto: Ford/Divulgação)
 

Cúmulo da preguiça ou roda-dura? Para os que têm dificuldades de arrancar na subida, inventaram o “santo” Hill Holder, ou assistente de partida em rampa. Ele segura o carro enquanto o motorista tira o pé do freio e o leva para o acelerador, sem deixar voltar. Para os que têm preguiça de virar a chave na ignição, criou-se o botão start/stop. A chave nem precisa sair do bolso.

Aberturas de tanque e porta-malas(foto: Marlos Ney Vidal/EM/D.A Press - 10/6/08)
Aberturas de tanque e porta-malas (foto: Marlos Ney Vidal/EM/D.A Press - 10/6/08)

Falando em chave, esta também se transformou. De um simples pedaço de metal, virou “canivete”, que fica camuflada dentro de uma pequena caixa de plástico. Ou ainda mais radical: virou um cartão fino, que conta com sensor presencial. Basta encostar a mão na maçaneta para destravar a porta. E para quem gosta de mimos, tem fragâncias no ar-condicionado e para-sol com iluminação, para o momento de embelezamento no trânsito. Sem falar no desejado teto solar e no amado estepe pendurado na traseira. São adereços e recursos que podem parecer muito interessantes para alguns, mas que no fim da história acabam jogando os preços dos carros nas alturas. Cabe, então, a cada um avaliar o quanto eles são realmente necessários.

Freio de estacionamento eletrônico(foto: Euler Júnior/EM/D.A Press - 1º/10/12)
Freio de estacionamento eletrônico (foto: Euler Júnior/EM/D.A Press - 1º/10/12)
 

 

 

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