Na história dos 27 anos como automóvel mais vendido do país, o Volkswagen Gol coleciona versões especiais, imortalizadas no imaginário dos fãs do compacto alemão. Mas nenhuma atrai tanto interesse como a esportiva GTi, produzida entre 1989 e 2000. Além do visual caprichado, a versão chamava atenção pela mecânica de fato esportiva, em relação às outras opções do modelo.
A primeira versão esportiva do Gol foi a GT de 1984, com motor 1.8 refrigerado a água de 99 cavalos, que evoluiu em 1987 para a GTS. No ano seguinte, o estande da Volks no Salão do Automóvel de São Paulo apresentou o lendária Gol GTi, primeiro veículo nacional com injeção eletrônica.
A injeção Bosch LE-Jetronic era do tipo múltiplo, com um bico de alimentação para cada cilindro. Diversos sensores mensuravam todas as condições do veículo que eram analisados pelo sistema de computadorizado EZ-K para otimizar a mistura ar-combustível de acordo com cada situação de condução e mesmo na partida, eliminando inclusive a necessidade do afogador.
O visual esportivo seguia a receita do GTS: faróis auxiliares na dianteira, aerofólio, largos frisos nas laterais e para-choques robustos, ambos na cor prata, além das lanternas traseiras fumê. O carro ainda exibia molduras pretas na coluna A e na B, onde era aplicado o emblema GTi, replicado também na tampa do porta-malas.
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Mas o principal destaque vinha debaixo do capô, que tornava o GTi o mais potente da família. O motor AP 2000i, o mesmo utilizado no Santana, mas sem carburador, com potência de 120 cv a 5.600 rpm e torque de 18,40 kgfm a 3 400 rpm, acoplado com câmbio manual de cinco marchas. Segundo dados da fabricante, o GTi fazia de 0 a 100 km/h em 9,3s com máxima de 185 km/l.
Modelo topo de linha, o GTi oferecia direção hidráulica, ar-condicionado vidros e retrovisores elétricos, rádio toca-fitas e rodas de liga-leve de série. O interior tinha acabamento caprichado, com bancos esportivos Recaro com encosto de cabeça vazado e detalhes em vermelho na tapeçaria e painel.
Em 1991, o GTi também recebeu a reestilização da família Gol, com faróis mais largos e novas opções de rodas. Em 1994, a Volkswagen incluiu direção hidráulica progressiva, rádio toca-fitas com mostradores digitais vácuo-fluorescentes e novas opções de cores. É desse ano o Gol GTi do empresário mineiro Wiston Romer Patrocínio.
Na família desde zero quilômetro, o modelo tem um detalhe surpreendente: em 20 anos, rodou apenas 20.285 quilômetros, garante o proprietário. O Gol ainda exibe plástico de proteção no suporte dos bancos dianteiros, adesivos de controle de qualidade em várias peças e outro da finada Autolatina no parabrisa. O motor nunca foi limpo e os pneus são originais de fábrica.
“Meu pai percorria uma distância de oito quarteirões entre nossa casa e a empresa na Avenida Silva Lobo. Como havia outros carros, o GTi ficava mais parado. O carro nunca bateu, nunca teve nada e nem fez viagens longas”, narra Wiston. Há um ano, o carro foi oficialmente repassado para o empresário, que o utiliza apenas em exposições e curtos passeios.
O modelo, contudo, está com para-choque dianteiro diferente do original. “O Sol batia em nossa garagem e queimou a peça e uma das lanternas. Ainda não achei o parachoque do GTi num preço justo”, lamenta. Hoje o carro fica guardado em garagem fechada.
Wiston revela que já recebeu proposta de até R$ 50 mil pelo veículo, mas pretende guardá-lo com baixa quilometragem até chegar aos 30 anos e conseguir a placa preta. “Na época era um dos carros mais cobiçados. Ele vai ficar comigo e vai ser passado para meu filho, que também é apaixonado pelo carro”, afirma.
O motor AP 2000 é também fonte de elogios entre os colecionadores, por isso torna o modelo mais desejado. “A potência do carro é extraordinária, pois o carro é muito leve. O assento com bancos Recaro dá conforto e segurança para dirigir e entrar em curvas mais fechadas”, comenta.
Nova geração
Na segunda geração do Gol, em 1995, o esportivo GTI (agora com ‘i’ maíusculo) também adotou o visual conhecido como “Bolinha”. Apesar de manter o potente conjunto mecânico, o compacto perdeu todo charme do ‘quadrado’, inclusive os faróis auxiliares. No mesmo ano, a versão GTS foi aposentada.
No mesmo ano, o motor 2.0 passou a contar com 16 válvulas e a potência subiu para 145 cavalos. Além do emblema GTI, uma bolha no capô revelava o perfil nervoso do modelo. Interior também seguia a receita, com detalhes em vermelho no volante, manopla de câmbio e bancos, além dos instrumentos com fundo branco.
Com mais concorrentes no mercado, o GTI saiu de linha em setembro de 2000, mas carrega a alcunha do Gol mais potente até hoje fabricado. Atualmente, quem deseja uma versão mais exclusiva do compacto, deve se contentar com o aventureiro Rallye e novo motor 1.6l MSI de 120 cv, que deverá chegar em breve ao restante da linha.
Ficha Técnica - Volkswagen Gol GTi 1994
Motor: Longitudinal, 4 cilindros em linha, 1 984 cm3, injeção eletrônica
Potência: 120 cv a 5 600 rpm
Torque: 18,4kgfm a 3.400rpm
Câmbio: manual de 5 marchas, tração dianteira
Dimensões: comprimento, 381 cm; largura, 160 cm; altura, 135 cm; entreeixos, 235 cm; peso: 1020kg
Suspensão dianteira: independente, McPherson.Suspensão traseira: interdependente com barra de torção, molas helicoidais e amortecedores
Freios: disco ventilado na frente e tambor atrás
Capacidades: Porta Malas 330l; Tanque de combustível: 47l
Pneus: 185/60 R14
Itens de série: Direção hidráulica, ar-condicionado vidros elétricos, trava elétrica, retrovisor elétrico, volante e manopla do câmbio revestidos em couro, rodas de liga leve, vidros verdes, rádio toca-fitas, relógio digital, luzes de cortesia no motor, cinzeiro, porta-luvas e porta-malas, regulagem de altura para o banco do motorista, revestimento do teto em preto
Cores: Vermelho Sport, preto Universal (sólidas), vermelho Stylus e branco Nacar (perolizadas).