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Estado de Minas

Reestilização do Honda HR-V não garante retorno à liderança dos SUVs compactos

Modelo passou por facelift, mas faltou corrigir pequenos problemas que atrapalham seu manuseio. Mas veículo também evoluiu em alguns aspectos


postado em 06/03/2019 13:56 / atualizado em 06/03/2019 14:38

(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

A perda do reinado entre os SUVs compactos no apagar das luzes de 2018, ano em que passou por sua primeira reestilização, não manchou a trajetória de respeito que o Honda HR-V trilhou desde seu lançamento, no início de 2015. Porém, é inegável a necessidade de dar a volta por cima, já que se trata do produto de maior volume da marca do Civic. Os concorrentes também brotam do chão a cada dia, e, se no último ano quem deu a rasteira para faturar a liderança foi o Hyundai Creta, pelo menos até o fechamento de janeiro quem ameaça o utilitário-esportivo da Honda é um velho conhecido, o Jeep Renegade.


E a estratégia adotada pelos japoneses é bem parecida com a da marca americana: mudar quase nada. Assim, a partir da reestilização de novembro do ano passado, a dianteira passou a ostentar um enorme aplique cromado acima da grade, que se funde com os faróis, que ganharam projetores. O para-choque dianteiro tem novo desenho, trazendo agora faróis de neblina circulares no lugar dos antigos ovais. A traseira tem lanternas de LED e lentes escurecidas, como na antiga versão de topo Touring. Tudo bem que gosto é relativo, e até aqui nem vamos analisar o novo visual do HR-V, mas essas rodinhas novas...

Antes exclusivas da versão de topo, lanternas escurecidas de LED agora são de série(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Antes exclusivas da versão de topo, lanternas escurecidas de LED agora são de série (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

DENTRO Testamos o SUV na versão topo de linha EXL (a Honda não confirma, mas é bem provável que o antigo pacote mais equipado Touring retorne trazendo sob o capô o mesmo motor 1.5 turbo do Civic, vamos esperar), que traz acabamento cuidadoso: bancos em couro, painéis de porta com apliques em couro, tapetes acarpetados e plástico de toque macio em parte do painel. Também evidencia o cuidado nesse projeto o sistema Magic Seat, que permite várias configurações dos bancos, indo muito além do simples rebatimento, abrindo também a possibilidade de levar objetos mais altos levantando apenas os assentos do banco traseiro. São soluções práticas assim que transformam o veículo num verdadeiro aliado do motorista no dia a dia e o mantém fiel à marca.

Visual do utilitário-esportivo urbano pouco mudou depois do facelift(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Visual do utilitário-esportivo urbano pouco mudou depois do facelift (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

Se por um lado o motorista encontra uma boa posição para dirigir, com ajustes de volante e do banco, o modelo simplesmente não oferece velocímetro digital (de visualização mais fácil e marcação precisa). Sem contar que o display do painel de instrumentos é pequeno e tem um gráfico excessivamente simples. Apesar do facelift, a Honda não solucionou o problema de ergonomia no espaço que abriga as tomadas USB e 12v no console central, que exige contorcionismo para ser acessada. O espaço no banco traseiro é bom, e o HR-V é um dos modelos que melhor acomoda o passageiro central. Há segurança básica – cinto de segurança de três pontos, apoio de cabeça e Isofix – para todos. O porta-malas é espaçoso e ainda guarda o estepe de uso temporário.

Acabamento tem bancos em couro, tapetes acarpetados e plástico de toque macio no painel(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Acabamento tem bancos em couro, tapetes acarpetados e plástico de toque macio no painel (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

RODANDO O conjunto mecânico abrange motor 1.8 flex e câmbio automático tipo CVT, que, segundo a Honda, foi recalibrado para reduzir o consumo de combustível. Na prática mal de vê a mudança. O desempenho é bom, porém sem brilho, com evolução linear típica da transmissão continuamente variável. Em algumas situações, o motorista sente falta de uma resposta mais vigorosa. Nesses casos, não basta nem optar pelo modo esportivo do câmbio, que mantém as rotações elevadas, mas pelas trocas manuais (são 7 marchas virtuais) por aletas, que te deixam mais no controle do veículo. O ruim é que o consumo de combustível fica bastante elevado. As suspensões ganharam novos amortecedores, com stop hidráulico, obtendo ganho em conforto. Já a direção elétrica é leve nas manobras e firme em velocidade elevada.

Com 437 litros de capacidade, porta-malas tem bom espaço para a bagagem(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Com 437 litros de capacidade, porta-malas tem bom espaço para a bagagem (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

CONCORRENTES Entre as versões de topo dos principais concorrentes, a do HR-V é a mais cara e menos equipada. Airbags frontais, laterais e de cortina, controles de tração e estabilidade, sistema multimídia, ar-condicionado digital, bancos em couro e assistente de partida em rampa são itens comuns a todos. Porém o SUV da Honda é o único entre eles a não trazer a prática chave presencial para partida do motor e destravamento das portas.
O Ford EcoSport Titanium se destaca pelo teto solar, detector de ponto cego e alerta de tráfego cruzado. O Hyundai Creta Prestige tem ar-condicionado para o banco traseiro, além de ventilação no banco do motorista. O Jeep Renegade Limited traz rodas de 19 polegadas, ar-condicionado de dupla zona e multimídia com tela de 8,4 polegadas. O Nissan Kicks SL Pack Tech tem alerta de colisão com sistema de frenagem e detector de objetos em movimento.

Banco traseiro acomoda bem os passageiros(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Banco traseiro acomoda bem os passageiros (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

Parece que a Honda desperdiçou uma chance de melhorar o produto. O “tapa” discreto no visual (não necessariamente para melhor) e a não correção de algumas mancadas que ficam evidentes no manuseio do veículo nos parecem pouco para garantir a liderança do segmento ao HR-V. Preço elevado e pacote de equipamentos inferior aos concorrentes diretos também não ajudam muito. O conjunto mecânico sem brilho tampouco é um apelo de vendas. Muito mais que um modelo cheio de aspectos positivos, este SUV se destaca mais por não ser ruim em nenhum aspecto.


CONECTIVIDADE
A cereja do bolo da central multimídia que equipa o Honda HR-V EXL é a navegação nativa por GPS, com um belo mapa 3D. Por meio dos sistemas Android Auto e Apple CarPlay, é possível espelhar o smartphone na tela tátil de 7 polegadas do veículo e utilizar aplicativos. Além de telefonia, as principais mídias disponíveis são rádio, duas entradas USB e Bluetooth (com streaming).


FICHA TÉCNICA
(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 1.799cm³ de cilindrada, 16 válvulas, flex, que desenvolve potências de 140cv (gasolina) a 6.500rpm e 139cv (etanol) a 6.300rpm, e torques de 17,3kgfm (g) a 4.800rpm e 17,4 (e) a 5.000rpm

TRANSMISSÃO
Tração dianteira, com câmbio automático tipo CVT que simula 7 marchas

SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS
Dianteira, independente, do tipo McPherson; e traseira tipo barra de torção/de liga leve de 7x17 polegadas/215/55 R17

DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência elétrica progressiva

FREIOS
A discos ventilados na dianteira e discos sólidos na traseira

CAPACIDADES
Do tanque, 51 litros; e de carga útil (passageiros mais bagagem), 469 quilos


EQUIPAMENTOS
(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

DE SÉRIE
Airbags frontais, laterais e de cortina; freios ABS; alarme; chave canivete; vidros e travas elétricos; Isofix; assistente de partida em aclives; freios de estacionamento eletrônico; controles de tração e estabilidade; aerofólio; rack; antena de teto; luz de rodagem diurna; faróis de neblina; retrovisores com ajustes e rebatimento elétricos, e função Tilt-Down; acendimento automático dos faróis; ar-condicionado digital; sistema multimídia com tela de 7 polegadas; piloto automático; volante ajustável em altura e distância; banco do motorista com regulagem de altura; bancos revestidos em couro; Magic Seat Honda; limpador e desembaçador do vidro traseiro.

OPCIONAIS
Não há.


QUANTO CUSTA
O Honda HR-V custa a partir de R$ 92.500 na versão LX 1.8 CVT (a marca não oferece mais o câmbio manual). A versão testada foi a EXL 1.8 CVT, topo de linha, vendida por R$ 108.500.


Notas (0 a 10)
Desempenho 8
Espaço interno 9
Porta-malas 9
Suspensão/direção 8
Conforto/ergonomia 7
Itens de série/opcionais 7
Segurança 8
Estilo 8
Consumo 8
Tecnologia 8
Acabamento 8
Custo/benefício 7

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