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Estado de Minas

Apesar do visual esportivo, desempenho do Renault Sandero GT Line decepciona

Hatch compacto traz adereços que diferenciam a versão, mas o conjunto mecânico está longe de proporcionar performance empolgante. Pacote de conteúdo também é fraco


postado em 09/04/2019 09:00 / atualizado em 09/04/2019 09:39

(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

Se você estiver andando pela rua e vir um Renault Sandero com a denominação GT Line e um visual discretamente esportivo, cuidado, não se empolgue. Não é exatamente o que você está pensando. A sigla GT, que significa grã-turismo, já foi usada para identificar carros de luxo de alto desempenho. E não é este o caso do Renault Sandero GT Line, versão que foi lançada com motor 1.6 e depois passou a ser vendida também com o 1.0 três-cilindros e câmbio manual de cinco marchas. É aquela antiga proposta de carro que tem apenas o visual esportivo, mas com conjunto mecânico discreto. A versão custa quase R$ 50 mil e não tem um pacote de equipamentos dos melhores. Será que vale a pena?


É preciso colocar na balança quanto vai custar atender o desejo de ter um carro com visual esportivo. Antes de qualquer coisa, é preciso saber que a Renault está mexendo na linha Sandero/Logan, que chega reestilizada ainda este ano. Então quais seriam os atrativos do Sandero GT Line? A versão se diferencia por trazer a grade preta, spoiler dianteiro, saias nas laterais, farol de neblina envolto em moldura fosca, e na traseira, aerofólio e defletor de ar no para-choque. As rodas são de liga leve aro 16 polegadas, pintadas de cinza e calçadas com pneus 195/55, de perfil mais baixo. E é só.

Traseira traz a identificação da versão GT Line(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Traseira traz a identificação da versão GT Line (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

ACABAMENTO Por dentro, o hatch da Renault tem acabamento com plástico duro, inclusive nos painéis das portas, de qualidade questionável. O painel tem um detalhe em black piano em torno da central multimídia e traz instrumentos analógicos e uma pequena tela digital com o computador de bordo. Ali o motorista tem à disposição o indicador de troca de marchas e o sistema Driving Eco², que ajuda a encontrar uma condução mais econômica. O volante é revestido em couro com costura azul e traz os comandos para o som, mas pode ser ajustado apenas em altura e não em distância. Os bancos são revestidos em tecido de boa qualidade.

Rodas de liga leve de 16 polegadas são de série(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Rodas de liga leve de 16 polegadas são de série (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

O espaço interno é um dos principais atrativos do Renault Sandero, que tem 2,59m de distância entre-eixos, bem próxima a de um carro médio. O hatch é espaçoso inclusive no banco traseiro, que acomoda bem três pessoas, já que o túnel no assoalho não é tão alto e não atrapalha quem senta no meio. A pisada na bola ali é a ausência do terceiro apoio de cabeça e o cinto de segurança central subabdominal, fato inaceitável, já que o hatch é homologado para transportar cinco pessoas. E o mais interessante é que o banco traseiro tem Isofix para fixação de cadeiras infantis. Aliás, segurança não é o ponto forte do Renault Sandero, que apesar de ter dois airbags recebeu uma estrela na proteção para adultos e três para crianças no crash teste do Latin NCAP. Quem sabe o novo modelo traga além da reestilização um cuidado maior com a segurança.

No interior o predomínio é de plástico duro com qualidade questionável(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
No interior o predomínio é de plástico duro com qualidade questionável (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

DESEMPENHO Se o conteúdo do Sandero GT Line não convence, o conjunto mecânico não ajuda a melhorar as coisas. O motor 1.0 três-cilindros não é um destaque da versão. Em baixas rotações, é lento nas respostas e não demonstra agilidade no trânsito urbano. É preciso subir o giro para 3.000rpm para se atingir um desempenho razoável. Com o carro leve, somente o motorista, o Sandero GT Line 1.0 atende. Mas com peso e ar-condicionado ligado a performance fica muito comprometida. Só mesmo subindo o giro para melhorar um pouco a situação. E dessa forma o motor grita. Os números de consumo apontados pelo Inmetro são bem otimistas (veja na página 2), já que em nosso percurso o computador de bordo registrou média de 7km/l na cidade e 12,5km/l na estrada, com gasolina.

Banco traseiro é para três pessoas, mas só duas contam com a proteção do apoio de cabeça(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Banco traseiro é para três pessoas, mas só duas contam com a proteção do apoio de cabeça (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

O câmbio manual é de cinco marchas, bem escalonadas, com relações mais curtas, mas o motor não ajuda muito. Os pontos negativos do câmbio são o curso longo e os engates mais duros. As suspensões também receberam uma calibragem mais firme, deixando o carro um pouco desconfortável sobre pisos irregulares. Mas proporciona boa estabilidade em curvas. A direção com assistência eletro-hidráulica é mais pesada, dificultando um pouco nas situações de manobras, porém em velocidades elevadas proporciona segurança. O sistema de freios com discos na dianteira e tambores na traseira, e ABS, atuou de forma eficiente.

Com 320 litros, porta-malas tem bom espaço(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Com 320 litros, porta-malas tem bom espaço (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

No segmento de modelos “esportivos de fachada” o Sandero GT Line 1.0 é um caso a parte, pois é o único com essa motorização, por R$ 49.190. A versão tem também a opção de motor 1.6 de 115cv (gasolina)/118cv (etanol), que custa cerca de R$ 51 mil. Para concorrer com ele, as opções são o Hyundai HB20 R Spec, com motor 1.6 e câmbio automático, por R$ 64.990; o Ford Ka FreeStyle 1.5, com preços que vão de R$ 64.090 (manual) a R$ 67.840 (automático); e o Chevrolet Onix Activ 1.4, por R$ 62.290. A dúvida então é resolver se você prefere pagar menos e ter um desempenho limitado, ou gastar um pouco mais para ter um carro discretamente mais esperto.



CONECTIVIDADE
A versão GT Line do Sandero 1.0 traz de série o sistema Media Evolution, que tem tela tátil de sete polegadas, rádio, Bluetooth, uma entrada USB e fácil pareamento com smartphones. Ponto positivo é o GPS nativo, mas a câmera de ré, que tem boa definição de imagem, é opcional. O volante tem o comando satélite, que facilita o acesso ao sistema de áudio. A lista de equipamentos é bem modesta e fica devendo itens importantes.



FICHA TÉCNICA
(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)


MOTOR (*)
Dianteiro, transversal, três cilindros em linha, 12 válvulas, 999cm³ de cilindrada, flex, que desenvolve potências máximas de 79cv (gasolina) e 82cv (etanol) a 6.300rpm e torque máximo de 10,2kgfm (g) e 10,5kgfm (e) a 3.500rpm

TRANSMISSÃO (*)
Tração dianteira, com câmbio manual de cinco velocidades

SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS (*)
Dianteira, independente, McPherson, com triângulos inferiores e barra estabilizadora; e traseira semi-independente, com eixo de torção/ de liga leve de 7,0 x 16 polegadas / 195/55 R16

DIREÇÃO (*)

Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência eletro-hidráulica

FREIOS (*)
A discos na dianteira e tambores na traseira, com ABS

CAPACIDADES (*)
Do tanque, 50 litros; porta-malas, 320 litros; peso, 1.011 quilos; e de carga útil (passageiros mais bagagem), 456 quilos

DIMENSÕES (*)
Comprimento, 4,06m; largura, 1,73m; altura, 1,53m; e distância entre-eixos, 2,59m

DESEMPENHO (*)
Velocidade máxima 163km/h(e)
Aceleração até 100km/h 13,0s(e)

CONSUMO (**)
Cidade 14,2(g)/9,5(e)
Estrada 14,1(g)/9,6(e)

(*) Dados dos fabricantes
(**) Dados do Inmetro
(g) gasolina; (e) etanol



EQUIPAMENTOS
(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)


DE SÉRIE
Alarme perimétrico, airbag duplo, ABS, sistema Isofix, alerta do cinto de segurança do motorista, sistema CAR, banco traseiro rebatível 1/1, iluminação do porta-malas, volante com regulagem em altura, travas elétricas, ar-condicionado, direção eletro-hidráulica, comando de satélite no volante, vidros dianteiros com função one touch e sistema antiesmagamento, indicador de troca de marcha, computador de bordo, limpador e desembaçador do vidro traseiro, farol de neblina, sensor de estacionamento traseiro, retrovisores elétricos com repetidores, rodas Interlagos de liga leve aro 16 polegadas, sistema de regeneração de energia, multimídia Media Evolution, coluna central com acabamento na cor preta, maçanetas internas cromadas, maçanetas externas na cor da carroceria, volante revestido em couro e retrovisores na cor dark metal.

OPCIONAL
Pintura sólida (branco glacier, R$ 700), pintura metálica (R$ 1.500) e câmera de ré (R$ 300)



QUANTO CUSTA
O Sandero 1.0 Sce GT Line tem preço sugerido de R$ 49.190. Com todos os opcionais chega a R$ 50.990.



Notas (0 a 10)

Desempenho 6
Espaço interno 8
Porta-malas 8
Suspensão/direção 8
Conforto/ergonomia 8
Itens de série/opcionais 6
Segurança 7
Estilo 8
Consumo 8
Tecnologia 6
Acabamento 6
Custo/benefício 6

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