As fábricas gastam vultosos recursos para desenvolver a aerodinâmica das motos esportivas em estudos, computação e túneis de vento, para fabricar carenagens e formas que ofereçam menos resistência ao ar, rendendo maior velocidade. Quando a moto fica pronta, desmancham tudo, retirando a “roupagem”, para apresentar a versão naked (pelada) do modelo. Foi o que aconteceu com a nova Kawasaki Z H2, que tem conjunto mecânico da H2, totalmente carenada, inclusive com asas, para prender a moto no chão, como um aerofólio, e não levantar voo em altas velocidades.
Curiosamente, a Z H2, passou a integrar a família “Z” (e não família H2), que já conta com o modelo Z 1000, com motor de quatro cilindros em linha e 142cv. A nova Z H2, entretanto, tem um compressor mecânico no motor de quatro cilindros em linha e 998cm³, que eleva a potência para 200cv a 11.000rpm e torque de 14kgfm a 8.500rpm, tornando-se a mais potente naked da história da marca. Outra curiosidade é que a grande tomada de ar para o compressor fica do lado esquerdo da moto, deixando o visual do lado direito assimétrico.
CANHÃO O efeito colateral positivo da falta de carenagens é que o peso foi reduzido. Enquanto a touring esportiva H2 SX, já comercializada no Brasil, pesa em ordem de marcha (já abastecida) 260kg, a Z H2, com mesmo conjunto mecânico, pesa 238kg. Porém, a Z 1000, igualmente comercializada no Brasil, apenas 221kg. A apresentação do modelo Z H2 foi durante o Salão de Tóquio, no Japão, que foi encerrado em novembro de 2019. Entretanto, a Kawasaki do Brasil, apesar da facilidade de já contar em sua linha com a “irmã” H2 SX e a “prima” Z 1000, ainda não confirmou sua presença aqui.
O destaque é o motor. O compressor (supercharger), ao contrário do turbo compressor, que aproveita os gases do escape para tocar uma turbina que, por sua vez, comprime a mistura, está ligado ao próprio motor, possibilitando a superalimentação e os 200cv de potência. Para domar a cavalaria, a eletrônica oferece um vasto leque de combinações. A central de medição inercial, IMU, percebe os movimentos de aceleração, inclinação lateral e longitudinal, além da desaceleração, e gerencia os sistemas auxiliares de pilotagem.
ELETRÔNICA O pacote conta com três modos de pilotagem, controle de freio motor, controle de tração em três níveis e sistema ABS cornering (ABS de curvas), que distribui a frenagem para permitir o contorno das curvas sem alargar a trajetória, além de um providencial controle de largada, que não deixa o piloto “para trás” nas arrancadas, dosando a potência. Para trocar as marchas, está equipada com o sistema quick shifter, que possibilita cambiar sem usar a embreagem e sem desacelerar, tanto aumentando as marchas quanto reduzindo.
Pode parecer estranho que um modelo naked ofereça tanta potência, que, contudo, não pode ser usada em sua plenitude, exatamente pela falta de carenagem. A eletrônica, porém, ameniza a entrega de potência. Tudo controlado pelo painel em tela TFT colorida, que pode ser conectado ao celular, possibilitando acesso aos aplicativos e navegação. O piloto automático também faz parte do pacote, que inclui ainda iluminação totalmente em LED e visual agressivo do bloco óptico dianteiro, separado de micro para-brisa.