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Estado de Minas PELADO DE TUDO

Volkswagen Fusca Pé de Boi: conheça a história da rara versão do besouro

Fusca Pé de Boi dispensava até itens obrigatórios atualmente, como luzes de seta e retrovisores. Colecionador de Belo Horizonte restaurou raro exemplar 1968


postado em 26/01/2016 11:30 / atualizado em 26/01/2016 11:48


Rara versão 'pelada' do Fusquinha foi produzida pela Volkswagen de 1965 a 1968(foto: Thiago Ventura/EM/D.A Press)
Rara versão 'pelada' do Fusquinha foi produzida pela Volkswagen de 1965 a 1968 (foto: Thiago Ventura/EM/D.A Press)


Encontrar um Fusca Pé de Boi nas ruas atualmente é um grande achado. A maioria das unidades produzidas da versão “pelada” foi equipada e transformada por proprietários em Fusquinhas comuns ao longo dos anos. A razão era o completo despojamento do carro, lançado pela Volkswagen em 1965 como parte de um programa do governo que buscava incentivar as vendas de veículos novos – incipiente, a indústria automobilística brasileira não tinha 10 anos de vida, e o mercado amargava recessão após o golpe militar.

Mais barato, ele se valia de uma linha de crédito facilitada. Da mesma leva vieram outros nacionais despojados: Willys Teimoso, variação de entrada do maior concorrente do Fusca até então, o Gordini; DKW Pracinha (perua Vemaguete) e Simca Profissional (Alvorada).

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A produção, porém, não foi longe devido ao insucesso dos modelos. Se estendeu somente até 1968, sendo os dois últimos anos exclusivos à frotistas, caso da unidade das fotos, que pertenceu à multinacional do ramo alimentício Nestlé.

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Para atingir um preço compatível à proposta, a Volkswagen, tal qual as concorrentes, foi longe ao depenar o Fusquinha. A versão Pé de Boi abria mão de uma série de itens não só de conforto, como também obrigatórios à legislação em vigor. As luzes externa e a alavanca de acionamento das setas, bem como o marcador de nível de combustível, foram suprimidos. Por dentro, nada de rádio, regulagem do encosto do banco, tampa do porta-luvas e até mesmo saídas de ar no painel. O painel de instrumentos só marcava a velocidade e a quilometragem percorrida.

Por dentro, nada de rádio, tampa do porta-luvas e até mesmo saídas de ar no painel(foto: Thiago Ventura/EM/D.A Press)
Por dentro, nada de rádio, tampa do porta-luvas e até mesmo saídas de ar no painel (foto: Thiago Ventura/EM/D.A Press)


A carroceria economizava no uso de cores sólidas em conjunto com o branco adotado no aro dos faróis, puxador do capô, para-choques e maçanetas. Nada de cromados, como no Fusca. O quebra vento vinha na cor do carro. Nas demais partes das janelas, o contorno externo dos vidros vinha emborrachado. O Fusca Pé de Boi também só saía de fábrica com uma saída de escape (nas demais versões do Fusca, eram duas).

(foto: Thiago Ventura/EM/D.A Press)
(foto: Thiago Ventura/EM/D.A Press)


VÍNCULO

 

O apelido “Peladinha” do exemplar 1968 cor Azul Pastel das fotos tem tudo a ver com o Pé de Boi. Adquirido pelo representante comercial João Souza há seis anos e reformado minuciosamente, procurando resgatar a originalidade, o carro foi utilizado pela frota paulista da Nestlé. Como se trata de um dos últimos fabricados, tem motor 1.300 de 38cv e 9,1kgfm (aplicado na linha Fusca um ano antes), em vez do 1.200 de 30cv das primeiras unidades.

Fusca Pé de Boi não tinha marcador de combustível: dono tinha que improvisar com vareta de bambu!(foto: Thiago Ventura/EM/D.A Press)
Fusca Pé de Boi não tinha marcador de combustível: dono tinha que improvisar com vareta de bambu! (foto: Thiago Ventura/EM/D.A Press)


Ainda nos anos 1970 o carro foi adquirido por um ex-funcionário e pai de um amigo de João, Carlos Reis, que o repassou ao filho, Roberto Reis. “O Fusca fez parte da nossa adolescência, pois o pai de Roberto nos levava nele para viagens da família entre São Paulo à São José do Rio Preto”, conta João.

Depois de muita insistência, o representante comercial convenceu o amigo a ficar com o Volkswagen. “O Roberto já tinha vendido o carro a outra pessoa e teve de desfazer o negócio”, brinca o atual proprietário. O nome Peladinha vem desde a época em que o carro pertencia aos Reis.

(foto: Thiago Ventura/EM/D.A Press)
(foto: Thiago Ventura/EM/D.A Press)


CARACTERIZAÇÃO


Executada em Belo Horizonte, a reforma buscou resgatar todas as características originais. João até resgatou uma vareta de bambu igual à usada por Carlos para checar o nível de combustível no tanque, uma vez que não havia indicação no painel. “Como o modelo vinha muito pelado, daí o apelido Peladinha. Naquela época era comum os proprietários incrementar o Pé de Boi aos poucos com itens de série do Fusca. Daí a dificuldade em encontrar um exemplar original atualmente”, completa João.

Apesar do insucesso da versão, o nome Pé de Boi foi tão bem assimilado pelos brasileiros que virou apelido para versões básicas e despojadas de equipamentos dos carros nacionais. Nesse sentido, o Pé de Boi nunca sai de linha.

 carroceria economizava no uso de cores sólidas em conjunto com o branco adotado no aro dos faróis(foto: Thiago Ventura/EM/D.A Press)
carroceria economizava no uso de cores sólidas em conjunto com o branco adotado no aro dos faróis (foto: Thiago Ventura/EM/D.A Press)
 Fusca Pé de Boi também só saía de fábrica com uma saída de escape (nas demais versões do Fusca, eram duas)(foto: Thiago Ventura/EM/D.A Press)
Fusca Pé de Boi também só saía de fábrica com uma saída de escape (nas demais versões do Fusca, eram duas) (foto: Thiago Ventura/EM/D.A Press)
Pai e filho: miniatura e o veículo do colecionador(foto: Thiago Ventura/EM/D.A Press)
Pai e filho: miniatura e o veículo do colecionador (foto: Thiago Ventura/EM/D.A Press)

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Volkswagen Fusca Pé de Boi 1968 (foto: Thiago Ventura/EM/D.A Press )


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