No Brasil, de forma geral, não é privilégio de quem pega estrada de terra nos fins de semana ou dos praticantes do fora de estrada se preocupar com a altura em relação ao solo do veículo, que é medida tomando-se como base o ponto mais baixo do carro, ou seja, mais próximo do chão. Os trechos urbanos estão repletos de lombadas e depressões descomunais, calçadas altíssimas, aclives e declives acentuados, sem falar em buracos e protuberâncias no asfalto que exigem pesquisa antes de comprar um carro.
Gerson Borini, da General Motors do Brasil, conta que ainda nos primeiros traços de um projeto existem requisitos mínimos que os designers devem respeitar. Assim, nenhum componente deve passar daquela linha imaginária. Existem alguns pontos que são determinantes para que o projeto saia como esperado: os ângulos de entrada e saída, que devem levar em conta, por exemplo, a altura média das calçadas (de, no mínimo, 15 centímetros no Brasil). Outra preocupação é com a altura do vão central, que fica entre o eixo dianteiro e traseiro, que, dependendo da situação, é o ponto mais vulnerável aos obstáculos.
Obstáculos
Geralmente, os componentes mais baixos do carro são o escapamento, o coxim de transmissão e o eixo traseiro. A grande vantagem de ter um carro alto é óbvia: transpor obstáculos com mais facilidade. Mas à medida que o veículo ganha altura, aumenta também seu centro de gravidade e o carro perde em estabilidade, ficando mais sensível às manobras laterais. Mas existem maneiras de minimizar esse efeito e procurar pelo melhor equilíbrio entre esses dois fatores.
Segundo Borini, se o projeto vier de outro país será adaptado às condições brasileiras. Ele conta que não existe uma distância padrão a ser aplicada para adaptar um projeto ao Brasil, mas o ganho em relação à altura da calçada é de no mínimo dois centímetros e o ângulo de entrada tem dois graus a mais (uma diferença significativa). "Nem sempre a adaptação de um projeto depende da elevação da suspensão. Às vezes algum componente é retirado ou instalado em outro lugar", diz. Diferente do que muitos pensam, o uso de rodões — tendência estética atual — não deixa o carro mais alto devido à adoção de pneus de perfil mais baixo, que compensa a altura das rodas.
Naturalmente, quanto mais pesado o veículo, mais baixo fica. Por isso, a quantidade de equipamentos influi na altura. Para compensar isso, a engenharia das montadoras usa molas diferentes para cada configuração do mesmo modelo. Segundo Gerson Borini, num mesmo modelo, a diferença de altura não ultrapassa cinco milímetros. E, para não ter que parar o carro em cada lombada e pedir para os passageiros descerem durante a viagem, é muito importante verificar qual é a altura máxima do solo do veículo também com carga máxima.
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