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Estado de Minas

Consumidores da Ford devem se atentar para o mercado

Com o anúncio do encerramento da produção nas fábricas brasileiras a Ford se manterá apenas como uma importadora de veículos no país


postado em 14/01/2021 06:00

(foto: AFP / Miguel SCHINCARIOL)
(foto: AFP / Miguel SCHINCARIOL)
No início de dezembro de 2020, o VRUM cantou a pedra e levantou a questão: estaria a Ford se transformando em uma importadora no Brasil? A resposta veio na segunda-feira com o anúncio do encerramento da produção das fábricas de Camaçari (BA), Taubaté (SP), e também da Troller, em Horizonte (CE). Anteriormente, a marca do oval azul já havia anunciado o fechamento da unidade de São Bernardo do Campo (SP), onde produzia o compacto Fiesta e os caminhões Cargo.


A situação começou a ficar previsível quando constatamos que, com isso, a Ford produziria apenas três modelos no Brasil: Ka, Ka Sedan e EcoSport. Mas, por outro lado, investiu em trazer veículos produzidos em outros países, como a picape Ranger (Argentina), os SUVs Edge ST (Canadá) e Territory (China), e o esportivo Mustang (EUA). Com o anúncio do encerramento da produção nas fábricas brasileiras, fica confirmado que, a princípio, a Ford se manterá apenas como uma importadora de veículos no país.

E quais as consequências imediatas disso? A primeira, e mais grave, é a perda de 5 mil postos de trabalho diretos, sem falar nos indiretos. Fornecedores de peças vão amargar prejuízos e terão que direcionar sua produção para outros fabricantes, caso consigam fazê-lo. A Ford garantiu que a produção de peças de reposição será mantida “por um tempo”, para que os proprietários de modelos da marca não enfrentem problemas de manutenção.

Mas é difícil acreditar que um fabricante que anuncia o fim da produção de seus modelos tenha realmente o compromisso de manter as peças de reposição. E a rede de concessionárias, que também será prejudicada, terá interesse em manter a bandeira da marca basicamente para prestar assistência aos clientes e vender produtos importados? É difícil acreditar que sim, pois a estrutura é cara e o negócio dessa maneira deixa de ser interessante.

Desvalorização

Tudo isso cria um cenário desanimador para quem tem carros da marca. A montadora diz que venderá as unidades do Ka, Ka Sedan e EcoSport que estão em estoque, já que a produção será imediatamente interrompida. Mas quem terá a coragem de comprar qualquer um desses modelos depois desse anúncio? É sabido que o mercado de usados é cruel e costuma desvalorizar muito os modelos fora de produção, salvo raras exceções. E existe grande chance de isso acontecer com os modelos Ford.

Nesse contexto, os consumidores que fazem questão de manter carros da marca Ford na garagem devem se preparar. Segundo Flávio Padovan, sócio-diretor da Management Resources Development (MRD), o impacto do fechamento das fábricas da montadora no país será grande. “Muitas concessionários não vão mais atuar. Sendo assim, o atendimento à clientela pode ficar mais difícil, assim como a disponibilidade de peças, o que afeta, diretamente, o desejo de comprar do consumidor”.

Flávio acredita que a demanda que antes recaia sobre a Ford deve passar para outras empresas do ramo. “A Ford vendia 140 mil carros por ano. Esse volume será absorvido pelas outras montadoras”, afirma. O especialista atenta, porém, que, por mais que a empresa se esforce para manter as peças disponíveis e alguns concessionários funcionando, isso não passará imune, e o consumidor sofrerá de alguma forma.

Por meio de nota, a concessionária Brasal Veículos assegurou que manterá todos os serviços de assistência para os veículos da Ford. “Esclarecemos que a parceria Brasal Veículos e Ford continuará, sendo que, agora, com um novo modelo, pautado na oferta de produtos diferenciados. Tranquilizamos nossos clientes afirmando que todos os serviços relacionados à garantia dos veículos Ford e assistência técnica permanecerão sendo realizados sem qualquer alteração.”

Para o especialista Igor Car Hunter, o mercado de carros usados da Ford não deve cair muito. “Os carros da Ford perderam bastante força no mercado de zero quilômetro, mas, no mercado de usados, sempre foram boas opções”, diz. Ele ressalta, ainda, que o fechamento das fábricas não deve comprometer o fornecimento de peças de reposição. “Não acho que seja um motivo para alarme, para as pessoas quererem vender o carro ou ter algum tipo de receio de comprar um veículo desse usado”, completa.

* Estágiaria sob a supervisão de Vicente Nunes

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