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Estado de Minas

Testamos o Chevrolet Bolt, o modelo 100% elétrico mais vendido no Brasil

Impossível não se apaixonar pela experiência elétrica deste compacto. Mas, por R$ 260 mil, esta seria sua escolha?


postado em 04/03/2021 06:00

(foto: Jorge Lopes/Estado de Minas)
(foto: Jorge Lopes/Estado de Minas)
O teste desta semana é com o Chevrolet Bolt, o modelo 100% elétrico mais vendido no Brasil em 2020, com 110 unidades. O veículo foi apresentado ao mercado durante o Salão do Automóvel de 2018, com o Nissan Leaf e o Renault Zoe, em uma verdadeira ofensiva de motores elétricos.

Com preço por volta de R$ 260 mil, é preciso querer muito rodar de elétrico para escolher esse compacto sem muito sex appeal, já que, por essa grana, pode-se comprar uma vistosa BMW Série 2 Gran Coupé ou uma S10 supercompleta. Mas é preciso fazer uma ressalva. A Chevrolet apresentou a nova geração do Bolt, que deve ser lançada nos Estados Unidos no meio do ano. Então, se estiver pensando em comprar um, não deixe de colocar isso na balança.

Quem vê esse compacto com carinha de monovolume não imagina que seu motor elétrico oferece 203cv de potência e 36,7kgfm de torque. É o bastante para acelerar até os 100km/h em 7,3 segundos, desempenho de carros espertos. É que, no caso dos elétricos, não é preciso esperar que as rotações subam para ter tudo o que o motor oferece.

Basta pisar fundo no pedal da direita para acelerações e retomadas vigorosas. E é muito diferente ver tudo isso acontecendo no mais absoluto silêncio, tanto que nem se nota quando a velocidade está alta. Mas, tudo isso é bem dosado pelo pedal do acelerador. E ainda existe um modo esportivo, que entrega o desempenho com menos filtros. É claro que, se pisar fundo, vai drenar rapidamente a energia da bateria.

O bom desempenho é obtido mesmo com o Bolt sendo um veículo pesado, com 1.641 quilos, devido às baterias. Posicionado sob o assoalho, o conjunto deixa o centro de gravidade mais baixo, contribuindo para um melhor controle do veículo. O peso também está bem distribuído entre os eixos, equilíbrio que favorece o bom desempenho em curvas.

Recarga

O Bolt tem um sistema regenerativo de frenagem. No modo “one pedal”, a alavanca de câmbio fica na posição L para otimizar a regeneração. Assim, basta tirar o pé do acelerador para que os freios atuem automaticamente com maior intensidade, recuperando para as baterias parte da energia de frenagem.

É estimulante ver a autonomia do veículo crescer enquanto você roda pela cidade. E isso acaba mudando sua postura atrás do volante, passando a buscar por um estilo que melhore a eficiência energética. Já na estrada, onde as frenagens não são recorrentes, a autonomia vai reduzindo mesmo. O quadro de instrumentos do Bolt traz um mostrador de potência instantânea que revela o quanto as acelerações bruscas consomem energia.

De acordo com a Chevrolet, com as baterias com 66 kwh cheias, a autonomia do Bolt é de 416 quilômetros. Em um sistema de carga rápida, uma hora na tomada é o bastante para rodar 40 quilômetros. Ou seja, para uma carga completa na bateria são necessárias 10 horas.

Como ainda não existe uma infraestrutura de acesso público confiável instalada no país, para garantir a recarga é preciso investir em uma estação de recarga rápida (vendida pela Chevrolet por R$ 6.900), já que o uso de uma tomada convencional de 220V é quatro vezes menos eficaz. Já em um carregador ultrarrápido, bastam 30 minutos para rodar 160 quilômetros.

Visual

O visual interno do Bolt é limpo: volante, quadro de instrumentos digital de 8 polegadas e a tela de 10 polegadas do multimidia. O acabamento traz material emborrachado em boa parte do painel e nas portas, que contrastam com um material mais rústico, aparentando uma fibra de vidro. Uma faixa de LED ilumina o interior e decora o painel. Mas, bancos em couro e tapetes acarpetados deixam a impressão geral longe do despojamento.

Outro destaque é a alavanca de câmbio tipo joystick. Com 2,60 metros de entre-eixos e assoalho plano, o espaço interno é bom. O banco traseiro oferece conforto razoável para três ocupantes, com direito até a um sistema de aquecimento, assim como os bancos dianteiros e o volante. O porta-malas não é tão espaçoso quanto o volume declarado de 478 litros sugere. O compartimento de bagagem é dividido em dois níveis, abrigando ainda o kit de reparo dos pneus (é isso mesmo, não temos pneu sobressalente) e o cabo de recarga das baterias.

Vendido no Brasil em versão única Premier, entre os itens de série do Bolt, destaque para a tecnologia semiautônoma em funções como assistente de permanência na faixa de rodagem, alerta de ponto cego com sensor de aproximação repentina, aviso de tráfego traseiro cruzado, alerta de colisão frontal com detecção de pedestre, frenagem automática em baixa velocidade e farol alto adaptativo.

Completam o pacote de segurança os airbags frontais, de joelho, laterais para as duas fileiras e de cortina, câmera 360 graus, imagem ampliada da traseira no retrovisor interno, controle de estabilidade e assistente de frenagem de emergência. A lista de equipamentos de série ainda tem central multimídia com sistema de som de alta definição, faróis de xênon e chave presencial.

Concorrentes

Das marcas de maior volume, o Chevrolet Bolt tem dois concorrentes principais. O mais “em conta” é o Renault Zoe, a partir de R$ 203.678, com design pouco atraente e acabamento espartano. Seu motor elétrico tem 92cv de potência e 22.4kgfm de torque. Os números de autonomia e tempo de recarga divulgados pela marca são subjetivos demais para serem replicados.

Já o Nissan Leaf tem um projeto mais maduro, um acabamento superior e custa R$ 239.900. O motor tem 149cv de potência e 32,6kgfm de torque. Sua autonomia é de 240 quilômetros e sua carga completa pode ser feita em 8 horas em uma estrutura de carregamento rápido.

Frente a esses concorrentes, o Bolt é mais caro, mas tem melhor desempenho e autonomia. Por R$ 262.100, este compacto elétrico está longe de ser uma barbada, mas é preciso deixar claro que, nos Estados Unidos, esta versão de topo Premier também é salgada, custando US$ 41.895 (sem incentivos). É o mesmo preço de um Camaro dos mais bem equipados. E, levando em conta o câmbio desfavorável e os custos de importação, é claro que a Chevrolet não lucra com o modelo no Brasil.

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