Publicidade

Estado de Minas CRISE

CEO da Volkswagen anuncia retorno da produção das fábricas para 18 de maio

Pablo Di Si, presidente da VW, afirma que as fábricas no Brasil retomarão a produção em apenas um turno e vê com muita preocupação o futuro da indústria


postado em 24/04/2020 14:40

O VW Nivus, SUV compacto, teve seu lançamento confirmado para o fim de junho(foto: Volkswagen/Divulgação)
O VW Nivus, SUV compacto, teve seu lançamento confirmado para o fim de junho (foto: Volkswagen/Divulgação)
 

A crise mundial causada pela COVID-19 deixa sequelas em todos os setores e na indústria automotiva não é diferente. Em entrevista concedida por meio de videoconferência, o CEO da Volkswagen América Latina e Caribe, Pablo Di Si, falou sobre a retomada gradativa das atividades nas fábricas da marca no Brasil e na Argentina, a partir de 18 de maio. O executivo informou que a produção retornará em apenas um turno, atendendo as necessidades da demanda, que anda em baixa. E confirmou o lançamento do SUV compacto Nivus para o fim de junho, mas revelou que outros projetos serão adiados.


“Estamos vivendo uma crise sem precedentes. A história nunca viu o mundo parar assim. Trata-se de uma crise de sobrevivência e a saída não será instantânea. E a Volkswagen não é a única afetada, mas toda a cadeia produtiva”. Foi nesse tom que o CEO da VW iniciou a apresentação feita para cerca de 30 jornalistas do Brasil. Pablo Di Si revelou que em março, antes de a crise do novo coronavírus se instalar, enquanto o desempenho da indústria automotiva caía 8,1% o da Volkswagen crescia cerca de 4%. Mas em abril, com o crescimento da pandemia, a queda foi geral, sendo 22,5% para a indústria e 14,5% para a VW.

Pablo Di Si, CEO da VW na América Latina e Caribe, vê com preocupação a situação da indústria durante a pandemia(foto: Volkswagen/Divulgação)
Pablo Di Si, CEO da VW na América Latina e Caribe, vê com preocupação a situação da indústria durante a pandemia (foto: Volkswagen/Divulgação)

Por esse motivo, a diretoria da Volkswagen optou por paralisar a produção em suas fábricas no Brasil e na Argentina, onde o lockdown foi feito com mais rigor. A montadora passou a atuar no suporte ao combate à pandemia, emprestando 170 veículos para o setor de saúde e disponibilizando seus funcionários para o conserto de respiradores, além de fornecer mais de 70 mil máscaras. Mas o presidente da VW disse que a preocupação com a liquidez das concessionárias era grande, já que, com os negócios paralisados, o faturamento das parceiras caiu significativamente. O paliativo bem-vindo foi a liberação de crédito para o setor automotivo, atendendo fornecedores e concessionárias.


Mas diante da gravidade dos fatos, Pablo Di Si revelou que a VW resolveu congelar todos os investimentos e acrescentou que projetos futuros serão atrasados. A marca tinha um cronograma de lançamentos ainda para este ano, que inclui o SUV compacto Nivus, e outro pacote previsto para ser apresentado de 2021 a 2024, com mais um SUV, o sucessor do Gol e duas picapes que serão fabricadas na Argentina.


O Nivus está garantido e tem seu lançamento virtual previsto para o fim de junho, com vendas iniciadas em julho. O modelo, que usa a mesma plataforma do Polo, Virtus e T-Cross, introduzirá o VW Play, um novo sistema multimídia da marca que será detalhado à imprensa no próximo dia 29. De acordo com Di Si, o sistema foge dos padrões habituais, pois nele é o usuário que determina quais aplicativos quer usar, além de contar com uma tela de alta sensibilidade e ser muito mais rápido e fácil de interagir.

O VW Nivus usa a mesma plataforma do Polo, Virtus e T-Cross e será equipado com o motor 200 TSI(foto: Volkswagen/Divulgação)
O VW Nivus usa a mesma plataforma do Polo, Virtus e T-Cross e será equipado com o motor 200 TSI (foto: Volkswagen/Divulgação)

“Até o fim do ano, vamos concluir o pacote de investimentos da ordem de R$ 7 bilhões, que inclui o Nivus e o Tarek, que serão mantidos”, revelou o executivo. O Tarek é um SUV médio totalmente novo e deve chegar ao mercado no fim do ano ou no início de 2021.

RETOMADA Apesar do cenário conturbado, Pablo Di Si revelou que a VW está programando o retorno às atividades em suas fábricas a partir de 18 de maio. Tanto as fábricas instaladas em São Paulo quanto a do Paraná vão voltar a produção em apenas um turno. Mas o CEO da VW não descarta a possibilidade de as fábricas voltarem a produção em dois turnos já a partir de junho. “A retomada vai respeitar as normas de cada país, estado e município, considerando o distanciamento e ocorrendo de forma gradativa e programada”, afirmou Di Si. Ele acrescentou que os funcionários das fábricas terão todo o suporte, com máscaras, luvas e álcool em gel, sendo que os de grupo de risco permanecerão em home office.


Quanto ao futuro próximo, o CEO da VW disse que ainda é cedo para fazer projeções. Ele acredita que somente daqui a três ou quatro meses será possível definir o andamento dos investimentos e projetos futuros, e acrescenta que muita coisa deve mudar depois da pandemia. “Na China as pessoas já não querem mais usar o transporte público e o aluguel de carro via banco VW passa a ser uma alternativa para o Brasil”, disse Pablo Di Si, acrescentando que essa modalidade de negócio já está em andamento por aqui e deverá ser acelerada.


A Volkswagen vai atrasar o cronograma de lançamentos, mas o CEO informou que ainda é cedo para se falar em datas futuras. Ele disse que os modelos elétricos, que estavam previstos no pacote de lançamentos, são importantes, mas agora não estão entre as prioridades. O executivo afirmou que não acredita que o mercado de automóveis retorne aos patamares registrados antes da crise do coronavírus ainda este ano, e faz uma previsão pessimista em relação ao desemprego. “Se não conseguirmos retornar com os três turnos nas fábricas é possível que haja demissões. As medidas do governo têm ajudado a segurar as demissões. Tomara que não seja preciso demitir”, afirmou.

O VW Play promete mais facilidade na conectividade e livre opção de escolha por aplicativos(foto: Volkswagen/Divulgação)
O VW Play promete mais facilidade na conectividade e livre opção de escolha por aplicativos (foto: Volkswagen/Divulgação)

Outra consequência da crise é o aumento dos preços dos carros, já que muitos têm a sua produção atrelada a componentes importados, comprados em dólar. “Estamos intensificando os processos de nacionalização de alguns componentes, mas isso exige investimentos e parceria com fornecedores”, revelou. Para Pablo Di Si, o mais importante agora é focar em uma retomada planejada, com disciplina. “A pandemia é muito maior do que qualquer modelo, muito maior do que a Volkswagen. Por isso, o lançamento do Nivus será virtual, repeitando todas as normas”, concluiu o executivo.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade