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Estado de Minas BALANÇO

Presidente da VW vê queda de 40% e incertezas no mercado de automóveis no Brasil

Pablo Di Si fala sobre os números da marca no primeiro semestre e se diz muito preocupado com a situação dos fornecedores, que passam por momento delicado


postado em 09/07/2020 14:58

Em poucos dias de vendas on-line, o VW Nivus, que é praticamente um Polo aventureiro, teve 2.200 unidades vendidas(foto: Volkswagen/Divulgação)
Em poucos dias de vendas on-line, o VW Nivus, que é praticamente um Polo aventureiro, teve 2.200 unidades vendidas (foto: Volkswagen/Divulgação)
 

O presidente e CEO da Volkswagen na América Latina, Pablo Di Si, fez um balanço de como foi o ano para a marca em meio à crise imposta pela pandemia do novo coronavírus. Ele ressaltou que, apesar de todas as dificuldades, a VW conseguiu alcançar “bons números dentro da nova realidade”, com desempenho melhor do que o da indústria em geral. O executivo destacou o “sucesso imediato” do recém-lançado Nivus, com 100% das vendas on-line, falou sobre manutenção de empregos e o futuro dos novos projetos da marca, que podem ser adiados.


Pablo Di Si mostrou os números da VW no primeiro semestre, e pontuou que, enquanto a indústria automotiva nacional registrou uma queda de 39% nos licenciamentos de veículos no período em relação aos seis primeiros meses de 2019, a VW teve uma queda um pouco menor, de 34%. Em termos de produção, a indústria registrou queda de 51%, contra 49% da VW. Mas nas exportações a queda da VW superou a indústria, com 48% contra 47%, respectivamente. No primeiro semestre de 2019, a VW teve 185.910 veículos licenciados, contra 122.926 em igual período deste ano, que aponta a queda de 34%.


As diferenças não são tão significativas, mas em um cenário de crise aguda, qualquer número “menos negativo” é visto como positivo e comemorado. O presidente da montadora disse que a Volkswagen traçou um plano de retorno à produção, respeitando todos os protocolos de segurança e proteção contra o coronavírus. Atualmente, a fábrica de São Bernardo do Campo (SP) trabalha em dois turnos, enquanto a planta de Taubaté (SP) opera em um turno, e São José dos Pinhais (PR) e São Carlos (SP) em dois turnos parciais.


A marca comemora os bons números de vendas do SUV compacto T-Cross, que foi o terceiro mais vendido no ranking geral em junho. E tem motivos também para festejar a chegada do Nivus, versão aventureira do Polo, que em poucos dias vendeu 2.200 unidades por meio virtual. A World Première do modelo foi transmitida pela internet, alcançando mais de 150 mil pessoas em 56 países.

Pablo Di Si, CEO da VW América Latina, disse que os fornecedores estão em situação pior do que as montadoras(foto: Volkswagen/Divulgação)
Pablo Di Si, CEO da VW América Latina, disse que os fornecedores estão em situação pior do que as montadoras (foto: Volkswagen/Divulgação)

Questionado sobre a atual situação do mercado de automóveis no Brasil e no mundo, Pablo Di Si reconhece as dificuldades, mas se diz confiante na recuperação da VW, visão que é apoiada na linha de produtos da marca. “O Nivus será um sucesso de vendas pelo pacote de conteúdo que oferece, por ser um compacto moderno e seguro. Sabemos que se trata de um ótimo produto, mas, mesmo assim, ficamos surpresos com o volume de vendas do modelo pelo sistema on-line”, afirmou o CEO da VW.

EMPRÉSTIMO Ele revelou que participou de algumas reuniões com o governo federal para pedir empréstimo para os fornecedores, que passam por situação ainda mais difícil do que as montadoras. De acordo com Di Si, alguns já decretaram falência. “Estive com o ministro Paulo Guedes, mas não pedi nem um centavo para a Volkswagen. Precisamos ajudar os fornecedores, mas até agora não conseguimos nada com o governo”, lamentou o executivo. Sobre uma possível nova onda de demissões nas fábricas da VW, Di Si afirma que espera que não seja preciso. Ele vê a flexibilização das leis trabalhistas como uma boa alternativa para driblar a crise, mas reconhece que “se o contexto geral do mercado não apresentar melhoras nos próximos meses, a indústria terá que se adequar à nova realidade”. “Vamos esperar agosto para ver os resultados do mercado. Mas, por mais que eu seja otimista, o mercado de automóveis no Brasil deve fechar o ano com uma queda de 40%”, disse Pablo.


O executivo vê muitas incertezas ainda para 2021 e 2022, e acha que será preciso esperar para ver como o consumidor vai reagir depois da pandemia. Ele revela que os planos de investimentos futuros estão sendo revistos e sofrerão cortes, com impactos em médio e longo prazos. Pablo considera um privilégio em plena pandemia a fábrica de São Bernardo trabalhar em dois turnos, mantendo empregos e gerando novos postos de trabalho. “Vamos fazer de tudo para manter essa estrutura, mas precisamos da flexibilização para nos adequarmos à nova realidade”, disse Di Si. “A MP 936 – que autoriza a suspensão de contratos e a redução de salários – foi positiva, mas ficou de fora a desoneração da folha de pagamento”, lamentou.

MUNDO DIGITAL Pablo Di Si disse que a pandemia acelerou o modelo digital no setor automotivo. Para ele, a concessionária que não se adequar ao novo modelo estará morta. “Nos dias de hoje, com vendas on-line, é preciso ter uma estrutura enxuta, com espaços pequenos e fazendo uso de ferramentas digitais”, afirmou. O executivo revelou ainda que a marca está investindo também no sistema de aluguel de carros por assinatura, com as opções de locação por hora, dias, semana ou mensal. “Nos próximos dois ou três anos, vamos incrementar ainda mais esse ramo de negócio”, revelou.


Para o CEO da VW, os eventos do setor automotivo já mudaram para sempre. “Os salões do automóvel nunca mais terão o mesmo formato. Tudo será mais digital, ficando as apresentações presenciais para os jornalistas especializados. Pablo revelou que o projeto de eletrificação da linha VW até 2025 também foi afetado pela pandemia e será adiado. “Mas reafirmamos nosso compromisso com o meio ambiente em neutralizar a emissão de CO² em 20 anos” afirmou o CEO.

O VW T-Cross já se destaca no segmento de SUVs compactos e está entre os modelos mais vendidos no país(foto: Enio Greco/EM/D.A Press)
O VW T-Cross já se destaca no segmento de SUVs compactos e está entre os modelos mais vendidos no país (foto: Enio Greco/EM/D.A Press)

Questionado sobre uma possível mudança no perfil do consumidor durante e depois da pandemia, com queda de poder aquisitivo e perda de emprego, Pablo reconheceu que haverá mudanças. Ele concorda que haverá uma procura maior por carros compactos mais econômicos, com preços mais baixos. Mas a VW está apostando todas as suas fichas em “SUVs” com preços a partir de R$ 85 mil, e sua linha de modelos de entrada – Gol, Saveiro e Fox – está ultrapassada e pedindo substituição. Pablo lembra que a linha 2021 do Gol ganhou itens de segurança, como cintos retráteis e apoios de cabeça para todos os ocupantes – por exigência da lei –, e que o Fox é um “caso de sucesso”, indicando que esses modelos devem ganhar uma sobrevida e seus substitutos devem demorar a chegar ao mercado.


O executivo confirmou que foram registrados casos da COVID-19 nas fábricas da Volkswagen, mas garantiu que a situação está sob controle graças aos rígidos protocolos de segurança implantados nas unidades. “Nosso desejo é de que se encontre uma solução voltada para a sociedade. O foco inicial tem que ser primeiro na saúde física e mental das pessoas, e depois na saúde econômica”, concluiu o CEO.

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