O VW Fusca já se foi, o Gol tem data marcada para se despedir e agora chegou a vez de outro ícone da indústria automotiva brasileira dizer adeus. Trata-se do Fiat Uno, que, depois de 37 anos de história, terá sua produção encerrada. E para marcar a data, a montadora coloca à venda 250 unidades da série especial Uno Ciao, que traz alguns adereços e preço de carro de segmento superior: R$ 84.990. Um valor salgado para um modelo simples que tem a pretensão de se tornar objeto de coleção.
Em italiano, a palavra Ciao pode ser usada como uma saudação de cumprimento, um olá, ou um tchau, adeus para se despedir. E foi esse o nome dado para a série especial limitada do Uno, que tem as unidades numeradas com um badge. A base é a versão Attractive 1.0 flex, que tem preço sugerido de R$ 68.490, mas com o kit Ciao (R$ 14.440) e mais a pintura metálica (R$ 2.060), a série derradeira do Uno chega a absurdos R$ 84.990.
SERÁ QUE VALE? E o que o Uno Ciao traz de tão especial? De acordo com a Fiat, todas as 250 unidades são pintadas exclusivamente na cor cinza Silverstone, com teto preto, retrovisores externos e spoiler traseiro no mesmo tom. As maçanetas das postas são pintadas na mesma cor da carroceria e o modelo ainda traz um adesivo nas laterais com o nome Uno Ciao e a frase La Storia Di Una Legenda (a história de uma lenda).
O kit inclui ainda rodas de liga leve escurecidas de 14 polegadas e logo Uno nas cores da Itália à esquerda da tampa do porta-malas. O interior do hatch compacto é escurecido, mas o acabamento traz detalhes em tons claros no painel e nas portas. A plaqueta com o número de série da unidade está fixada no painel.
HISTÓRICO Lançado em 1984, o Fiat Uno foi produzido ininterruptamente no Polo Automotivo de Betim, onde agora deixará a linha de montagem. De acordo com a montadora, foram produzidas 4.379.356 unidades do modelo que chegou ao mercado brasileiro com a proposta de ser um carro “pequeno por fora e grande por dentro”.
Naquela época, o Uno Mille já se destacava entre os modelos de entrada, segmento denominado de “carro popular”, que tinha preço mais compatível com a realidade do trabalhador brasileiro. Já em 1994, o Mille ELX inovou ao ser o primeiro carro popular a trazer ar-condicionado, e, no mesmo ano, a montadora lançou o Uno Turbo, pioneiro em motorização turbinada em fábrica. Tinha bom desempenho e não era visto apenas como um esportivo de fachada, conquistando uma legião de fãs.
EM BAIXA Atualmente, o Fiat Uno aparece na 24ª posição do ranking dos automóveis mais emplacados da Fenabrave, com 19.420 unidades de janeiro a novembro. Os números de vendas do modelo vêm caindo nos últimos meses, sendo 363 em outubro e apenas 97 unidades emplacadas em novembro. Entre os chamados modelos de entrada, o Uno ocupa a quarta posição, ficando atrás do Fiat Mobi (63.103 unidades), VW Gol (57.899) e Renault Kwid (46.143).
E é nesse cenário que o Uno se despede da linha de montagem da fábrica de Betim, mas deixa uma dúvida no ar. Em seu comunicado sobre o fim da produção do modelo, a Fiat escreveu a seguinte frase: “Ele se despede da linha de montagem, mas seguirá mais vivo do que nunca por muitas décadas, ajudando a movimentar o país e a criar novas histórias. Por isso, nosso adeus também é também um olá: Ciao, Uno!”. Só resta esperar para ver se um dia o ícone da marca italiana ressurgirá.